sábado, 1 de março de 2014

Reforma - Escolha das Grades | Renovation - Choosing Gates


Mesmo passando por um processo de pacificação, o Rio de Janeiro como toda metrópole, sofre com a violência urbana, que atualmente vem tentando ser contornada com a ocupação de comunidades (favelas) onde o poder paralelo se escondia e comandava assaltos, vendas de drogas e crimes. Hoje, estes territórios estão sendo "devolvidos" a cidade, podendo ser considerado uma extensão do que ocorre nestas, não mais um organismo a parte.
Como ainda não chegamos em uma situação ideal de segurança publica, as grades são necessárias - mesmo que não impeçam crimes de grande porte, inibem possíveis assaltos amadores e furtos em condomínios. Felizmente, hoje em dia temos modelos com vidros que reduzem o impacto visual destas.

Uma coisa que me questiono e me intriga muito é: A escolha da grade. Recentemente fiz a reforma de um prédio residencial no Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Quando questionado sobre a substituição da grade (antiga, aspecto pesado) por uma nova (leve com vidro) levei em consideração a predominância dos metais na cor preta, já existente no prédio - portão de garagem, estruturas das varandas... Logo não tive duvida: A nova grade teria que ser preta. 
Inúmeras cores de metal e escolhas gratuitas as vezes comprometem mais o prédio do que embelezam. Vale lembrar que o prédio faz parte de um todo, que inclui as varandas e portões de todos os andares, logo tudo deve ter uma sintonia. Nesta reforma também incluímos uma rampa de acessibilidade para pessoas com dificiência e idosos e a reforma de paisagismo. Confiram o resultado:


Dois exemplosde prédio - da esquerda escolha da grade em sintonia /
da direita escolha randômica
Two examples of buildings - on left choice of gate that matches/
on right, random choice
Inicio da reforma do Ed.Norma - escolhas de acordo com materialidades existentes
Beginning of renovation at Norma Building - material choices according
to what existed
Perspectivas 3D do Projeto - portões com vidro pra dar leveza a entrada
3D perspectives of the project -glass gates to light the entrance up
Rampa de deficientes - mesmo padrão de aço anodizado / Banco em madeira sintética
Disabilities ramp - the same anodized steel style / Bench in synthetic wood
Detalhe de paisagismo e iluminação no piso
Gardening and floor illumination detail
Visão Geral / Overall view
Aspecto do prédio visto da Rua / Building street view's look

Even passing through a whole process of pacification, Rio de Janeiro as all metropolis still suffering of urban violence, which nowadays is being reduced by the occupation of communities (favelas) where gangsters and mafias used to hide themselves and command from there robberies, drug dealing and crimes. Today, these territories area "returning" to the city, being able to be considered as a extension of what happens in them, not a outside organism anymore.  
As we haven't reached the ideal situation of public-security, gates are necessary - even it don't protect from bigger crimes, small crimes and robbers are diminished. Hopefully, now we have models with glasses available, what reduces the impact of their look. 

But there's a thing that a question myself with: The gate's choice. Recently I've renovated a residencial building at Jardim Oceanico, at Barra da Tijuca, West Zone of Rio de Janeiro. When asked about the replacement of the old gate that used to be placed there (heavy look) for a new one (with glass surfaces, lighter look) I considered the predominance of the black color metals that already existent - car doors, balcony structures... So there was no doubt: The new gate had to be black.
Sometimes the metal choice have seems to be senseless, endangering more than helping it looks beautiful. It's important to remember and consider that the building includes also the balconies, doors and all floors, so everything needs to match. At this renovation, we also included a ramp for disabilities and elderly and the restructure of the gardening. Take a look on the result: 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Recordações + Vista | Recordation + View

O Brasileiro é miscigenado por natureza, e não disfarça o orgulho disso. Com origem européia, africana, indígena... Recebemos ainda a influência direta de tantos que vem nos visitar e trazem consigo hábitos e costumes que – principalmente nós cariocas – amamos absorver. Equipamentos à la americana, itens de design à italiana, hábitos alimentares à francesa, adoração pela natureza como os índios... Estes somos nós!
Existe, porém uma questão importante de ser lembrada: A identidade. Toda e qualquer apropriação gratuita e excessiva de uma cultura que não seja a nossa, pode acabar virando algo ‘pastiche’ (copiado). Nos dias de hoje se tornou mais raro entrar em um apartamento em frente a praia, de um edifício modernista, e se deparar com pesados tecidos e artigos barrocos encobrindo e ofuscando as vistas da nossa cidade, felizmente, uma vez que são incompatíveis com o nosso clima. Por outro lado lembranças não devem ser apagadas em busca de lares de “revista”, pois estes muitas vezes acabam por ficar frios e impessoais.

A Arquitetura e o Design de Interiores não devem ser encarados como uma ciência exata, uma vez que a solução ideal para cada cliente só é descoberta após inúmeras variáveis  como – espaço físico, variáveis externas (insolação, vizinhança, visadas), história de vida, hábitos, gostos e orçamento.  
O apartamento que mostro a seguir foi um desafio para mim – uma cobertura na Lagoa Rodrigo de Freitas, no centro da Zona Sul do Rio de Janeiro,  cheia de recordações, que através de leves mudanças como tecidos e cores, ganhou ares contemporâneos, deixando o principal se destacar: A vista. Sofás reaproveitados com capas de tecidos claros e paredes cinza ajudam a absorver o colorido de tapetes orientais, prataria e porcelana europeia, além de quadros de pintores com paisagens tipicamente carioca. Confiram como está ficando! 

Foto 1: Vista Lagoa (view of the lake) /
 Foto 2: Vista Cristo Redentor (view Christ Redeemer)
/ Foto 3: Piscina (pool
Churrasqueira com greenwall modular com mosaico das praias cariocas /
Barbecue place with mosaic wall of Rio's beaches theme
Living com sofás neutros e paredes cinzas: Destaque para o acervo de ítens de família/
Living with sober sofas and grey walls: Spotlighting the family's objects archive 
 Pintura popular brasileira da sala & mosaico da área externa -
 feito pela artista plástica Thais Niskier /
Living's painting of brazilian popular art & mosaic of the outside area -
made by the artist Thais Niskier


Brazilian are mixed-raced by nature, and don't hide up being proud of it. With European, African, Indian origin... We also love to absolve habits of those who come to visit us - mostly cariocas (Rio citizens). Equipment as Americans, Design items as Italians, eating habits as Frenches, love for nature so as the indians... That's how me are!
But there's something that needs to be remembered: The identity. All excessive and not needed appropriation of a culture that isn't ours can become something 'pastiche' (copied). Nowdays it's really rare to see a front beach apartment in a modernist building with heavy fabrics and baroque ornaments covering up our beautiful natural city's view. Hopefully once this king of decoration isn't compatible to our weather. But, remembrances shouldn't be erased, because if they are the place can look cold and with no identity.   

The Architecture and Interior Design shouldn't be faced as a precise science, once the ideal solution for each client is just found after considering - the space, external elements (insolation, neighborhood, views), lifestyle, habits, taste and budget.
The apartment that I'll show next was a big challenge to me - a penthouse at the Rodrigo de Freita's Lagoon, in the center of South Zone of Rio de Janeiro, full of remembrances, where through soft changes of fabrics and colors gained contemporary look, allowing the main element appear properly: The view. Reused sofas with new brighter covers and grey walls helped to absolve the colors of oriental carpets, european silvery and porcelain, and also many brazilian paintings with Rio de Janeiro's themes. Take a look on how things are going!

Sim, Rio ‘est Art Decó’ também! | Yes, Rio ‘est Art Decó’ too!

Nascido na Europa, o movimento Art Decó surgi nas primeiras décadas do século XX, como uma resposta literalmente gráfica a uma sociedade em vias de modernização e industrialização onde os ornamentos praticamente artesanais e orgânicos do Art Noveau e a riqueza de detalhes do Ecletismo (onde o Neoclassicismo, Neorromântico , Neogótico, Neobarroco... Eram misturados, com objetivo final de demonstrar a imponência pelo exagero ), já não tinham mais espaço. Com o avanço da tecnologia da construção- civil, encontrou-se na geometrização das formas proposta pelo Art Decó uma solução para demonstrar imponência sem perder o ar de moderno, com um funcionalismo também muito maior. Podemos ver estes conceitos aplicados em boa parte dos arranha-céus americanos da primeira metade do século XX, onde a geometrização esta muito associada ao escalonamento no topo (“escadinha”), devido também a Leis vigentes por lá na época que obrigavam o afunilamento de prédios muito altos para circulação de ventos e entrada de luz.

Tendo sido e continuando a ser objeto de desprezo de muitos críticos de arquitetura, verdade seja dita, os ritmos geométricos do Art Decó podem não ser os mais “puristas”, mas são sinônimos de elegância através do tempo.
O que pouco se nota é a proximidade que este estilo tem com os cariocas. Este post tem a iniciativa comentar um pouco e aguçar nosso olhar pelas ruas cariocas. Copacabana poderia ser considerada a princesinha do Art Decó. De forma mais discreta do que no exterior, o estilo é visto por aqui em portarias de edifícios e sutis afunilamentos de alguns prédios residências nos andares mais altos. As linhas geometrizadas do Cristo Rendentor também seguem o estilo, talvez por isso que esta estátua consegue cativar inclusive os ateus, adornando o Corcovado e nossa cidade por sua sobriedade e beleza. "Oui, nous sommes art decó aussi"!

                                                                                    (all rights reserved @arqnisk)
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Come to light in Europe, the Art Decó movement started in the first decades of XX century, as a grafic answer to a society in a process of modernization, industrialization where crafts ornaments in organic shapes such as the ones seeing in Art Noveau, and all the details of Eclecticism (where Neoclassic, Romanticism, Necrotic, Neobaroque... Where mixed, with the main purpose of showing-off by being over),weren't anymore suitable. With new technologies to build-up the geometrical shapes proposed by Art Deco became a solution to show power without losing the modern appearance, also being extremely functional. At the american skyscrapers of the first half of the XX century, we can see all this concepts applied, where geometries is associated to the stagger (“stair look”) also because of the period's Laws which forced the bottleneck of the extremely high building, to allow wind circulation and light entrance. 

Even not being well seeing by some of architecture critics, the geometric rhythms of Art Decó can not be the purest”, but are and will always be associated to elegance through time.  
What isn't always noticed is how near this style is close to cariocas (Rio citizens). Copacabana could be considered the little princess of Art Decó. More discrete than what can be find abroad, the style can be seeing down here at building's main entrance and really soft bottleneck of some residential buildings. The geometric lines of Christ Redeemer also follow the style being maybe the reason why it captives everyone, christian or not, adorning our city and the buck with sobriety and beauty. "Oui, nous sommes Art Decó aussi"!